Toda noite, um menino, uma menina e um velho diretor se encontram em um cinema em ruínas. Um lugar misterioso, repleto de segredos e truques, onde os três amigos se divertem rebuscando pequenas historietas, fantasiando, imaginando e criando contos de fada que ganham vida durante a noite.
Então, pela tela surge feiticeiros e princesas, rapazes valentes, moças malvadas, reis severos… O chão treme sob o uivo de um lobisomem e estremece diante de uma senhora de coração duro que sibila por suas saias de seda pesada. Aqui existem cidades de ouro e florestas, que são tão profundas e misteriosas que ninguém encontra o caminho de volta. Um universo mágico envolto de harmonia, onde os coros celestiais competem com o baque surdo de tambores mágicos. Noites que podem desencadear grande desgraça, mas que no final, tudo dá certo.
E trabalhando tais sonhos em um teatro de marionetes de silhuetas bonitas; Menino, menina e velho desenvolvem – sem saber – um produto fantástico: São as lendas de Michel Ocelot, o homem que puxa os cordelzinhos nas sombras do ato criativo.
Esteticamente, OS CONTOS DA NOITE (LES CONTES DE LA NUIT) fica na intersecção entre o 2D e o 3D. Suas noites revolucionam a imagem. Iluminam ao invés de obscurecer. A cor se infiltra por cada mundo e recria texturas próprias para enaltecer as silhuetas, escuras, negras, com apenas o branco dos olhos para distinguir suas feições. Com o preto a frente, com o azul da lua cheia atrás, homens e mulheres monocromáticos são cercados pelo crepúsculo dos contos de fada. O que emerge destas missões de iniciação é a idéia da eterna inocência.
Na imaginação fértil de Ocelot, as histórias são semelhantes, mas não cansam. Jamais cansam. E esse é o seu maior prazer. O nosso também: O velho contador de histórias pode se unir à causa digital, mas jamais se esquecerá do poder arcaico do velho mundo.
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